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Fisiologia do Exercício Físico: Relembre os Processos Celulares e os Sistemas Energéticos

atividade física conceitos básicos medicina do estilo de vida medicina-do-exercicio-e-do-esporte mev Sep 15, 2024

 

Sim, leitores, hoje relembraremos o maior amor de vocês: a Bioquímica e a Fisiologia (Cuidado! Essa frase contém grande ironia). A fisiologia do exercício físico é uma área fundamental para médicos que desejam compreender como o corpo humano responde ao esforço físico. Esse conhecimento é essencial para avaliar a saúde de seus pacientes, orientar adequadamente programas de atividade física e tratar condições associadas à falta de movimento ou ao exercício excessivo. Vamos explorar os processos celulares envolvidos no exercício, os principais sistemas energéticos e como diferentes tipos de combustível são utilizados pelo corpo durante a atividade física.

Processos Celulares

O exercício físico desencadeia uma série de processos celulares que envolvem a produção e o consumo de energia. As células musculares precisam de energia constante para se contrair, e essa energia é fornecida pela molécula de adenosina trifosfato (ATP). O ATP é essencial para praticamente todas as funções celulares, desde o movimento muscular até o transporte de nutrientes. Durante o exercício, o corpo precisa de grandes quantidades de ATP, e diferentes sistemas energéticos são ativados para manter essa produção de acordo com a intensidade e duração do esforço.

ATP: Aeróbio e Anaeróbio

Existem dois principais caminhos para a produção de ATP no corpo: o sistema aeróbio (que usa oxigênio) e o sistema anaeróbio (que não usa oxigênio). No exercício de curta duração e alta intensidade, como o levantamento de peso ou sprints, o corpo depende mais do sistema anaeróbio para a produção rápida de ATP. Já em exercícios de longa duração e menor intensidade, como a corrida ou o ciclismo de resistência, o sistema aeróbio se torna predominante.

O sistema anaeróbio produz ATP de forma rápida, mas é menos eficiente e leva à formação de subprodutos como o ácido lático, que pode causar fadiga muscular. O sistema aeróbio, por outro lado, é mais eficiente e sustentável, mas gera ATP de maneira mais lenta.

ATP-CreatinoFosfato

Um dos sistemas anaeróbios mais rápidos para a produção de energia é o sistema ATP-CreatinoFosfato (ATP-CP). Este sistema utiliza a creatina fosfato armazenada nos músculos para regenerar rapidamente o ATP durante os primeiros segundos de um exercício de alta intensidade. No entanto, as reservas de creatina fosfato são limitadas e se esgotam em cerca de 10 a 15 segundos de esforço máximo, o que torna esse sistema adequado apenas para atividades explosivas de curta duração, como saltos ou sprints.

Sistema Glicolítico

Após o esgotamento do ATP-CP, o corpo passa a utilizar o sistema glicolítico, que também é anaeróbio. Nesse sistema, a glicose é quebrada em piruvato, e a energia liberada nesse processo é usada para produzir ATP. Quando o exercício é de alta intensidade e curto prazo, o piruvato é convertido em lactato (ácido lático), o que pode levar à fadiga muscular. No entanto, em exercícios de intensidade moderada, o piruvato pode ser transportado para a mitocôndria e processado de maneira aeróbia, evitando o acúmulo de lactato.

Metabolismo das Gorduras

Quando o exercício é prolongado e a intensidade é moderada a baixa, o corpo começa a utilizar predominantemente as gorduras como fonte de energia. O metabolismo das gorduras ocorre de forma aeróbia e é altamente eficiente, fornecendo grandes quantidades de ATP. As moléculas de gordura são quebradas em ácidos graxos e glicerol, que são convertidos em ATP dentro das mitocôndrias por meio do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa. Esse processo, porém, é lento, razão pela qual o corpo só depende majoritariamente das gorduras em atividades de resistência, como a maratona.

Metabolismo das Proteínas

Embora o metabolismo das proteínas não seja uma fonte primária de energia durante o exercício, ele pode se tornar importante em condições de privação de carboidratos e gorduras, como em dietas muito restritivas ou exercícios de longa duração e intensidade extrema. Durante esses períodos, os aminoácidos podem ser convertidos em glicose pelo fígado (via gliconeogênese) para fornecer energia. No entanto, o uso excessivo de proteínas para energia pode comprometer a função muscular e outros processos corporais essenciais.

Ciclo de Cori

O Ciclo de Cori é um processo metabólico importante durante o exercício anaeróbio. Quando o lactato é produzido nos músculos como subproduto do sistema glicolítico, ele é transportado para o fígado, onde é convertido novamente em glicose. Essa glicose pode, então, ser devolvida aos músculos para ser usada como fonte de energia. O ciclo de Cori é essencial para a manutenção da homeostase durante o exercício intenso e para a recuperação muscular após o esforço.

Teste Cardiopulmonar do Exercício

Para avaliar a capacidade funcional de um paciente durante o exercício, o teste cardiopulmonar do exercício (TCPE)é uma ferramenta extremamente útil. Esse teste mede a resposta do coração e dos pulmões ao esforço físico, permitindo a avaliação da aptidão cardiovascular e respiratória. Além disso, o TCPE pode fornecer informações sobre a capacidade aeróbia do paciente, o limiar anaeróbio (ponto em que o corpo começa a acumular lactato) e a eficiência do uso de oxigênio. É uma avaliação importante para prescrição de exercícios, tanto para pacientes saudáveis quanto para aqueles com condições crônicas.

Conclusão

Compreender a fisiologia do exercício físico é essencial para médicos que desejam orientar seus pacientes de forma segura e eficaz. Os processos celulares que ocorrem durante o exercício e os diferentes sistemas energéticos ativados dependendo da intensidade e da duração da atividade são a base para a adaptação e a performance física. Além disso, testes como o TCPE são fundamentais para uma avaliação clínica detalhada, permitindo uma abordagem personalizada na prescrição de atividades físicas.

Ao entender como o corpo utiliza diferentes combustíveis, como o ATP, carboidratos, gorduras e proteínas, os médicos podem auxiliar seus pacientes a otimizar o desempenho físico e melhorar a saúde geral, além de prevenir e tratar doenças crônicas associadas à inatividade.

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