Doenças Cardiovasculares: Entendendo os Fatores de Risco e Medidas de Controle
Sep 20, 2024
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo. Elas englobam uma série de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, incluindo infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias e acidente vascular cerebral (AVC). A compreensão dos fatores de risco e das medidas de controle é essencial para a prevenção e o manejo adequado dessas doenças. Neste post, discutiremos dois fatores de risco principais, a hipercolesterolemia e a hipertrigliceridemia, e como uma dieta balanceada pode ajudar a controlá-los.
1. Doenças Cardiovasculares: Uma Visão Geral
As DCV são multifatoriais e resultam da interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais. Entre os principais fatores de risco estão:
- Hipertensão arterial
- Diabetes mellitus
- Obesidade
- Sedentarismo
- Tabagismo
- Dieta inadequada
A identificação precoce e o controle desses fatores são fundamentais para a redução da morbimortalidade associada às DCV.
2. Medidas de Controle: Hipercolesterolemia
O que é Hipercolesterolemia?
A hipercolesterolemia é caracterizada por níveis elevados de colesterol total e LDL no sangue. O colesterol é uma substância essencial para o corpo, participando da formação de membranas celulares e síntese de hormônios. No entanto, níveis elevados de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) podem levar ao acúmulo de placas ateroscleróticas nas artérias, aumentando o risco de infarto e AVC.
Diagnóstico
Os valores diagnósticos para hipercolesterolemia são baseados nos níveis de colesterol total e LDL-C. De acordo com a American College of Cardiology e a American Heart Association, a hipercolesterolemia primária é definida por um LDL-C entre 160–189 mg/dL.
Para crianças e adolescentes, os critérios do National Heart, Lung, and Blood Institute indicam que o colesterol total é considerado alto quando é ≥200 mg/dL e o LDL-C é considerado alto quando é ≥130 mg/dL.
Em adultos, a hipercolesterolemia severa é frequentemente definida por um LDL-C ≥190 mg/dL. Esses valores são utilizados para identificar indivíduos em risco aumentado de doença cardiovascular aterosclerótica e para guiar intervenções terapêuticas.
*Alguns outros pontos para se Considerar:
- LDL: < 100 mg/dL (ideal para indivíduos de alto risco)
- HDL: > 40 mg/dL (homens) e > 50 mg/dL (mulheres)
- Triglicerídeos: < 150 mg/dL
Medidas de Controle
2.1. Mudanças no Estilo de Vida
- Dieta: Dieta Mediterrânea e DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) são amplamente recomendadas por sociedades profissionais, como a American College of Cardiology e a American Heart Association, devido aos seus benefícios comprovados na redução de fatores de risco de doenças cardiovasculares.
- Exercícios físicos: A prática regular de atividade física aeróbica (caminhada, corrida, ciclismo) por pelo menos 150 minutos por semana ajuda a reduzir os níveis de LDL e aumentar o HDL.
- Controle do peso: A perda de peso recomendada para indivíduos com doenças cardiovasculares é de 5% a 10% do peso corporal inicial. Estudos indicam que essa faixa de perda de peso está associada a melhorias significativas nos fatores de risco cardiovascular, como controle glicêmico, pressão arterial e perfil lipídico
2.2. Tratamento Farmacológico
- Estatinas: Reduzem a síntese de colesterol no fígado e são a primeira linha de tratamento para hipercolesterolemia.
- Ezetimiba: Reduz a absorção de colesterol no intestino, podendo ser usada em combinação com estatinas.
- Inibidores de PCSK9: São medicamentos mais recentes que reduzem os níveis de LDL de maneira significativa e são indicados para casos de hipercolesterolemia familiar ou intolerância às estatinas.
3. Medidas de Controle: Hipertrigliceridemia
O que é Hipertrigliceridemia?
A hipertrigliceridemia é definida como níveis elevados de triglicerídeos no sangue. Os triglicerídeos são um tipo de gordura utilizado pelo corpo como fonte de energia. No entanto, níveis elevados estão associados ao risco aumentado de pancreatite e doenças cardiovasculares, especialmente quando acompanhados de outros fatores de risco, como a síndrome metabólica.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais. Valores de referência:
- Triglicerídeos normais: < 150 mg/dL
- Hipertrigliceridemia leve a moderada: 150-499 mg/dL
- Hipertrigliceridemia severa: ≥ 500 mg/dL
*lembre-se de informar o paciente para que ele mantenha um jejum de 12 horas;
*Níveis muito elevados devem levantar a suspeita de consumo exagerado de álcool ou resistência elevada de insulina;
Medidas de Controle
3.1. Mudanças no Estilo de Vida
- Dieta: A redução do consumo de carboidratos refinados e açúcares adicionados é essencial, com a recomendação de limitar açúcares a menos de 6% das calorias diárias para triglicerídeos abaixo de 500 mg/dL, e menos de 5% para níveis entre 500 e 999 mg/dL. O aumento da ingestão de ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes gordurosos, também é benéfico para a redução dos triglicerídeos.
- Exercícios físicos: A atividade física regular ajuda a reduzir os níveis de triglicerídeos e melhora a sensibilidade à insulina.
- Controle do peso: perda de peso é uma das intervenções mais eficazes, com uma redução de 5% a 10% do peso corporal associada a uma diminuição de 20% nos triglicerídeos.
3.2. Tratamento Farmacológico
- Fibratos: Reduzem significativamente os níveis de triglicerídeos e aumentam o HDL.
- Ômega-3: Suplementos de ômega-3 podem ser indicados para reduzir triglicerídeos, especialmente em doses elevadas.
- Niacina: Pode ser usada para diminuir triglicerídeos, embora seu uso seja limitado devido a efeitos colaterais.
Conclusão
A compreensão dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como a hipercolesterolemia e a hipertrigliceridemia, e a adoção de medidas de controle eficazes, são essenciais para a prevenção dessas doenças. Mudanças no estilo de vida, incluindo dieta equilibrada e prática de atividade física, juntamente com o uso racional de medicamentos, podem ajudar a reduzir significativamente o risco cardiovascular. É fundamental que os médicos orientem seus pacientes de forma clara e individualizada, promovendo uma abordagem integrada para a saúde cardiovascular.