Recomendações para o manejo da Fragilidade e Demência no Idoso
Jan 16, 2025O texto de hoje apresenta Recomendações de especialistas sobre o manejo da fragilidade em pessoas com demência, a fim de orientar profissionais de saúde, especialmente na Atenção Primária. As recomendações baseiam-se em revisão rápida de literatura e em um processo de consenso com 18 especialistas internacionais em demência e fragilidade.
Contexto
- A demência afeta cognição, comportamento e funcionalidade, e estima-se que afete mais de 50 milhões de pessoas no mundo.
- A fragilidade, caracterizada por maior vulnerabilidade e redução na capacidade de resposta a estressores, frequentemente coexiste com a demência, agravando desfechos clínicos e elevando a complexidade dos cuidados.
Principais Recomendações
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Identificação da fragilidade
- Usar instrumentos simples, como as escalas FRAIL ou Clinical Frailty Scale, para detectar e graduar a fragilidade precocemente.
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Intervenções iniciais precoces
- Ações imediatas após a detecção da fragilidade podem atenuar efeitos negativos e ajudar a preservar a funcionalidade.
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Avaliação e diagnóstico do estado nutricional
- Avaliar nutrição regularmente (por exemplo, Mini Nutritional Assessment - Short Form).
- Atentar para risco de desnutrição e sarcopenia, comuns em indivíduos com demência e fragilidade.
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Manejo nutricional
- Educação alimentar para paciente e cuidadores, com atenção para ingestão proteica adequada (1,2–1,8 g/kg/dia).
- Considerar suplementos nutricionais quando necessário, além de monitorar hidratação (1,6 L/dia para mulheres, 2,0 L/dia para homens).
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Micronutrientes e vitaminas
- Avaliar individualmente deficiência de vitaminas (D, B12, folato) e nutrientes.
- Uso de multivitamínicos se a ingestão diária for <1500 kcal.
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Terapias farmacológicas para demência
- Medicamentos para demência devem ser mantidos ou iniciados conforme indicação, com avaliação de riscos e benefícios.
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Prescrição de exercícios físicos
- Recomenda-se programa de exercícios multicomponentes (aeróbico, resistência, equilíbrio e marcha), adaptado às condições físicas e cognitivas.
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Exercícios multidomínio
- Combinar atividade física e treino cognitivo, monitorando adesão e resposta do paciente.
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Avaliação e manejo da depressão
- Depressão deve ser rastreada com instrumentos curtos (ex.: Patient Health Questionnaire-2) e tratada por intervenções não farmacológicas ou farmacológicas seguras para idosos.
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Isolamento social e solidão
- Investigar percepção de solidão e conectar o paciente a serviços de suporte comunitário.
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Risco de quedas
- Avaliar histórico de quedas e fatores associados (como uso de medicações, fraqueza muscular) e implementar intervenções preventivas (ex.: adaptação do ambiente, exercícios de equilíbrio).
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Polifarmácia e desprescrição
- Revisão sistemática de medicações com base em critérios como STOPP/START ou Beers.
- Evitar fármacos potencialmente inapropriados (anticolinérgicos, benzodiazepínicos, antipsicóticos, opioides).
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Perdas sensoriais (audição e visão)
- Avaliar e encaminhar para tratamento de perdas auditivas e visuais, que agravam isolamento e pioram a reabilitação.
Conclusões
As recomendações enfatizam a abordagem integral, centrada na pessoa e na manutenção de funcionalidade e qualidade de vida. Reconhecemos as limitações de evidências específicas para a combinação demência–fragilidade e defende a adoção dessas diretrizes como passo para melhorar a prática clínica, influenciar políticas de saúde e, sobretudo, oferecer cuidados adequados a uma população em crescimento de idosos com demência e fragilidade.