MEV em Dermatologia?!
Jan 30, 2025Afinal, Qual o papel de modificações dietéticas (exclusão de alimentos e suplementações) em quatro condições dermatológicas: rosácea, hidradenite supurativa (HS), herpes labial e vitiligo?!
É o que veremos hoje - baseado nas mais novas evidências sobre o tema, é claro!
1. Rosácea
- Eliminação de certos alimentos: Há evidências anedóticas de que evitar alimentos muito quentes, picantes, álcool e ricos em cinamaldeído pode reduzir exacerbações, embora faltem estudos robustos (ensaios clínicos).
- Vitamina D: Estudos de caso-controle são conflitantes quanto ao nível de vitamina D. Não há consenso se a suplementação ajuda ou prejudica a rosácea.
- Zinco: Pequenos estudos apresentaram resultados inconsistentes. Falta comprovação para recomendá-lo rotineiramente.
Recomendação Geral: Ainda não há evidência suficiente para indicar ou contraindicar suplementações de zinco ou vitamina D. A eliminação de “alimentos-gatilho” tem risco mínimo e pode ser tentada como medida auxiliar.
2. Hidradenite Supurativa (HS)
- Dieta livre de laticínios: Pode haver melhora em relatos de casos e séries, mas faltam ensaios randomizados que confirmem o benefício.
- Dieta de baixo índice glicêmico: Mecanisticamente plausível devido à frequente resistência à insulina na HS, mas faltam estudos de alta qualidade.
- Dieta “livre de levedura”: Pequenos estudos sugerem melhora sintomática, porém a ausência de grupos controle e possível influência de outros fatores (por ex., redução de ultraprocessados) limitam as conclusões.
- Perda de peso: Há evidências de que emagrecer pode melhorar a HS, embora a cirurgia bariátrica possa acarretar deficiências nutricionais.
- Zinco: Vários estudos (coortes e relatos) mostram melhora clínica com doses como 90 mg/dia, sobretudo em pacientes com deficiência.
- Vitamina D: Pacientes com HS frequentemente são deficientes em vitamina D. Suplementar, caso haja deficiência, pode auxiliar na redução de nódulos e flares.
Recomendação Geral: Além de controlar peso, suplementar zinco e vitamina D, caso exista carência, é apoiado por estudos de nível moderado. Dietas de exclusão (laticínios, levedura) necessitam de mais evidências.
3. Herpes Labial
- L-Lisina: Pode ajudar a prevenir episódios (dose de até 3 g/dia), mas não demonstrou encurtar a duração de lesões ativas.
- Zinco: Estudos de salivar/células sugerem papel, mas faltam ensaios robustos.
Recomendação Geral: L-lisina em dose elevada (cerca de 3 g/dia) é potencialmente útil na prevenção de herpes labial recorrente. Zinco não tem comprovação suficiente.
4. Vitiligo
- Estresse oxidativo: Implicado na fisiopatologia; logo, antioxidantes são estudados como auxiliares.
- Vitaminas B12 e C: Alguns relatos demonstram repigmentação quando combinadas a esteroides tópicos ou fototerapia, mas faltam estudos controlados.
- Vitamina D: Suplementar se houver deficiência, mas a melhora na repigmentação carece de validação em grandes ensaios.
- Vitamina E: Pode atuar como antioxidante, mas evidências são limitadas.
- Blend de antioxidantes e Polypodium leucotomos: Como coadjuvantes à fototerapia, podem aumentar repigmentação; P. leucotomos especificamente mostrou benefício em ensaios controlados para repigmentação na área de cabeça e pescoço.
- Ginkgo biloba: Alguns estudos piloto sugerem melhora, mas não há consenso sobre segurança e eficácia.
Recomendação Geral: Há evidências de que Polypodium leucotomos, associado à fototerapia, auxilia a repigmentação. Para vitaminas (B12, C, D) e outros antioxidantes, não há provas suficientes para recomendação formal, a não ser suplementar vitamina D em pacientes deficientes.
Conclusão
Em geral, faltam ensaios clínicos controlados e randomizados sobre dietas e suplementações em doenças cutâneas. Muitas intervenções parecem promissoras, porém a maior parte das evidências vem de relatos de casos ou séries pequenas, com limitação metodológica.